Os anos passam, a nossa pirâmide etária — aquela que mede a população por faixa etária e que tem na base os mais jovens — já está em vias de se tornar um retângulo e, ainda assim, envelhecer segue um tabu. Envelhecer livre e solitariamente, então, deve causar discussões quase tão inflamadas quanto o futebol. O que fazer com os idosos que, indo cada vez mais longe em seus aniversários e com saúde sobrando — graças aos avanços da medicina —, escolhem simplesmente seguir a vida sozinhos e independentes, ignorando os clichês de se abrigarem em asilos ou em quartos nas casas dos filhos? O assunto rende. O que é óbvio, embora às vezes difícil de enxergar, é que a velhice será cada vez mais uma realidade presente, basta acompanhar os cálculos sobre a expectativa de vida do homem. No último 2 de dezembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atualizou os dados: hoje, os brasileiros vivem, em média, 74,6 anos, exatamente cinco meses e 12 dias a mais que em 2011.
Mas não é apenas a vida um pouco mais longeva que tem feito o cenário da população de idosos mudar. Os anos a mais de vida têm sido, em boa parte, sem doença e debilidade. Os idosos trabalham, mantêm a agenda ocupada, estão mais atentos à saúde. O mesmo IBGE divulgou, em novembro passado, um estudo que mostra que 27% dos idosos brasileiros — pessoas com 60 anos ou mais — estão no mercado de trabalho. O próximo número é apenas uma consequência de todos os outros aqui expostos: existem no Brasil 2.816.470 idosos morando sozinhos. No Distrito Federal, são 26.426 cuidando da própria vida e pouco dispostos a abrir mão da liberdade e da independência em nome de uma vida “mais segura” — mas também, muitas vezes, menos confortável — ao lado de familiares ou em instituições de longas permanência, os antigos asilos.
Fonte: Carolina Samorano - Revista do CB
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